Neste post, falarei sobre os pilotos que mais pagaram mico em várias situações na Fórmula 1 .
Nigel Mansell na McLaren (1995)
Campeão da Fórmula 1 em 1992, Nigel Mansell foi se aventurar no mundo da Fórmula Indy em 1993. Disputou o título da categoria estadunidense com Emerson Fittipaldi e venceu. Em 1994, o inglês não conseguiu bons resultados por ter alternado suas participações na Indy com corridas de Fórmula 1 na Williams, substituindo David Coulthard. Venceu uma corrida na Fórmula 1, mas não emocionou ninguém em seu retorno.
Mansell queria continuar, mas a Williams preferiu colocar David Coulthard em seu lugar. A única vaga que restava era a McLaren. Embora fosse uma equipe prestigiada, não prometia muito: após perder os motores Honda no final de 1992, eles passaram um ano equipados pelos propulsores da Ford (1993) e outro pelos da Peugeot (1994). Para 1995, assinara um contrato de longo prazo com a Mercedes.
Nigel foi a exigência da Mercedes para fazer a parceria técnica com a McLaren. Quando a fabricante de motores fez essa exigência, Ron Dennis logo torceu o nariz. Nunca foi grande admirador de Mansell. Dennis, que sempre preferia pilotos dedicadíssimos, se viu lidando com um sujeito meio fora de forma e velho.
A parceria Mansell/McLaren foi um vexame. Por não caber no carro, ele ficou de fora das duas primeiras corridas, estreando somente no GP de San Marino. Largou em 9º lugar e terminou em 10º. Na corrida seguinte, na Espanha, Nigel largou em 10º e teve problemas logo no início da corrida: era 22º na segunda volta. Abandonou no giro de número 17. Segundo ele, o carro era inguiável. Acabou assim a carreira de Mansell na Fórmula 1: em uma McLaren dura e feia.
Luca Badoer na Ferrari (2009)
Luca Badoer estreou na Fórmula 1 em 1993, pela Scuderia Italia. Teve passagens na Minardi e quase conquistou um belíssimo quarto lugar no GP da Europa de 1999, mas seu motor quebrou. A partir de 2000, ficou na geladeira da Ferrari, atuando como piloto de testes. É o piloto que mais disputou GPs sem marcar nenhum ponto, o que faz dele, numericamente, o pior da história da categoria.
De 2000 a 2009, o piloto ficou apenas com o posto de piloto de testes da Ferrari. Ainda assim, acumulou uma enorme quilometragem com Ferrari. É o piloto italiano que mais acelerou (ou não) os carros vindos de Maranello.
Quando Felipe Massa sofreu um grave acidente no meio da temporada de 2009, Michael Schumacher logo se ofereceu para voltar. A Ferrari aceitou, mas dores no pescoço o impediram de voltar. Badoer foi o escolhido para ocupar a vaga de Massa.
Muito se especulou sobre qual seria o desempenho do italiano em seu primeiro GP pela Ferrari, em Valência. Ninguém imaginou que ele fosse muito bem, até porque o carro daquele ano não permitia. Mas poucos imaginaram que ele fosse dar o vexame que deu. Largou em último em Valência, acabando em último também. Em Spa Francorchamps, o desempenho foi exatamente igual. No GP de Spa, torcedores inclusive levaram uma faixa que dizia “Minha avó com uma bengala é mais rápida que Luca com uma Ferrari”.
De maneira ridícula, pagando um vexame do tamanho do mundo e sem a torcida tifosi, acabou a carreira de Luca Badoer.
Michael Schumacher na Mercedes (2010-2012)
Em 2006, a disputa pelo título da Fórmula 1 estava entre dois pilotos de ouro: Michael Schumacher, que aos 37 anos mostrava o talento e a vivacidade de um jovem piloto, e Fernando Alonso, campeão de 2005, que aos 25 anos estava com apenas um foco: vencer. Ver os “pegas” entre os dois era apaixonante. Disputas limpas e muito leais eram prioridade entre os dois, que se respeitavam muito.
No GP da Itália de 2006, Schumacher venceu na casa da Ferrari, levando os tifosi à loucura. Alonso quebrou o motor quando estava em terceiro. Foi a cereja do bolo ferrarista. Ali, na frente dos fãs, um press release foi entregue aos jornalistas que diziam que Schumacher se aposentaria. Quem antecipou essa informação foi o jornalista brasileiro Fábio Seixas. Momento emocionante na Fórmula 1: o maior piloto da história estava parando.
No GP do Brasil, Schumacher se despediu, perdeu o título para Alonso e deu adeus à categoria em alta. Continuou trabalhando com a Ferrari em 2007, e vez ou outra dava umas voltinhas com carros do time italiano.
Quando citei Luca Badoer, pontuei que Schumacher tentou voltar no lugar de Felipe Massa, mas que dores no pescoço o impediram. Após ter sido proibido pelos médicos de voltar a correr no lugar de Massa, Schumacher passou o resto do ano fazendo exames, testes e fisioterapias para voltar a competir em 2010.
Ross Brawn, que trabalhou com ele nos tempos de Ferrari, chefiaria a Mercedes em 2010. Convidou Schumacher para correr. Convite aceito, começaram as especulações de quantas corridas Schumacher ganharia, se ele ultrapassaria as 100 vitórias em 2010 ou em 2011 e em quanto tempo ele garantiria o título. Tais especulações eram pertinentes. O time que fora campeão no ano anterior agora teria o maior piloto da história. Quem dissesse que a volta de Schumacher à Fórmula 1 seria abaixo da crítica seria apedrejado.
E quem apostou que Schumacher não seria o semideus da Fórmula 1 em 2010 acertou. E quem apostou que ele iria MUITO mal acertou ainda mais. Os melhores resultados de Michael foram quartos (quartos!) lugares. Ele, que estava acostumado a brigar por vitórias e demolir recordes.
2011 não foi a temporada que levou o multicampeão de volta ao pódio, mas que levou-o a fazer boas corridas e ter uma rivalidade com o japonês Kamui Kobayashi pelas posições do meio do pelotão. Schumacher completou 20 anos de Fórmula 1 no GP da Bélgica. Naquele momento, quem viu as homenagens feitas a ele nem percebeu que tratava-se de um homem com então 42 anos. A alegria e os sorrisos lembravam aquele rápido garoto que impressionou o mundo com apenas meia volta em 1991.
2012 foi o ano que o levou de volta ao pódio. Mas foi o ano em que Schumacher menos rendeu. No GP do Japão daquele ano, anunciou a aposentadoria, sem a mesma reação calorosa e emocionada que ocorreu em 2006. Hoje, para tristeza de seus fãs, Schumacher é um homem de 47 anos que está entrevado em uma cama sem conseguir fazer nada, depois de um acidente de esqui em dezembro de 2013.
Giancarlo Fisichella na Ferrari (2009)
Após os fiascos de Luca Badoer, a Ferrari decidiu fazer uma mudança: tirar o italiano da vaga de titular e colocar Giancarlo Fisichella, que conseguiu um incrível segundo lugar no GP da Bélgica com uma Force India, pior carro da temporada. No treino classificatório, fizera a pole position.
Fisichella chegou ao GP da Itália cercado de expectativas. A Ferrari tinha vencido o GP anterior. Um italiano, em Monza, de Ferrari. Uma combinação que, em caso de vitória de Fisichella, não acontecia desde 1966, com Ludovico Scarfiotti. Fisichella era o centro das atenções. Os tifosi estavam apaixonados por ele.
Fisichella não passou a vergonha que Badoer viveu, mas jamais conseguiu largar em posição melhor que 14º lugar. Não fechou o pelotão em nenhuma corrida, mas largou em último no treino para o GP de Abu Dhabi. Giancarlo deixou a Force India para assumir o papel de estrela na Ferrari e acabou muito mal. A belíssima carruagem que Giancarlo e os italianos estavam esperando virou abóbora em questão de voltas.
Ainda assim, Fisichella permanece até hoje como membro da Ferrari: ele corre com um 458 Italia no Le Mans Series, fazendo sucesso. Além disso, deve voltar a função de piloto reserva da Ferrari em 2016 (aos 43 anos) com a ida de Esteban Gutiérrez para a Haas.
Ralf Schumacher na Toyota (2005-2007)
Irmão mais novo de Michael Schumacher, Ralf foi piloto da Jordan entre 1997 e 1998. Em 1999, rumou para a Williams. No GP de San Marino de 2001, venceu sua primeira corrida. Conquistaria tal resultado outras cinco vezes, todas pela Williams. Ninguém, em momento algum, colocou em xeque o talento de Ralf. Mas ninguém achou que ele pudesse ser páreo para seu irmão mais velho. E nunca foi.
A Toyota foi uma história triste na Fórmula 1. Sete anos na categoria, sem vitórias e US$ 3 bilhões jogados no lixo. As três primeiras temporadas foram um fracasso. E a equipe japonesa quis chamar Ralf para comandar o projeto em 2005. Um cara de 30 anos, na flor da idade, pronto para vencer e ainda por cima tendo Schumacher como sobrenome. Qual a possibilidade disso dar errado? Para os japoneses, era quase zero, e eles chamaram Ralf pagando um salário absurdamente alto, que chegou a superar o do irmão.
Ninguém imaginou que o piloto iria mal. No começo de 2005, fóruns de discussão sobre automobilismo estavam abarrotados de comentários que diziam que Ralf seria campeão facilmente em 2005 e iria batalhar ferozmente contra o irmão em 2006. Foi exatamente isso que aconteceu, mas com Fernando Alonso, que foi campeão em 2005 sem dificuldades e que viveu uma batalha intensa com Michael em 2006.
Ralf ficou à frente de Jarno Trulli (companheiro de Toyota) em 2005, mas o companheiro fez mais pódios. Mesmo tendo sido 6º, enquanto o colega foi 7º, teve um desempenho MUITO aquém do esperado por todos. O carro também não era grande coisa, mas Ralf decepcionou, até por seu salário ser o maior da Fórmula 1 à época (até hoje, o salário dele na Toyota é um dos maiores da história).
O pódio conquistado pelo caçula da família Schumacher em 2006 foi circunstancial: em um GP da Austrália cheio de acidentes, o piloto levou um terceiro lugar para casa. Foi o último pódio de Ralf na Fórmula 1. Fez 20 pontos ao longo da temporada e levou um quarto lugar no GP da França.
Os resultados eram frustrantes para Ralf e para a Toyota. Mas 2007 foi muito pior que os outros anos. A equipe nipônica conseguiu apenas 13 pontos, sendo 8 de Jarno Trulli e apenas 5 de Ralf. Ao fim de 2007, o segundo filho da família Schumacher deixou a Toyota e a Fórmula 1. Ele, que prometia lutar pelo título a médio prazo quando chegou à equipe, frustrou os japoneses.
Até 2012, Ralf era piloto do DTM (categoria alemã de turismo) e a partir de 2013 virou diretor da Mücke, equipe de categorias de base na Alemanha, além de ocupar um cargo na alta diretoria da Mercedes. Em 2015, o nome do irmão de Michael Schumacher estampava as revistas de fofoca alemãs, devido ao seu divórcio com Cora Schumacher. Ralf merece um post à parte.
Heikki Kovalainen na McLaren (2008-2009)
Criticar o péssimo desempenho de Heikki Kovalainen na McLaren já virou um costume no SACO DE BATATAS. Mas as críticas não são injustas. Em 2008, Kovalainen fez uma péssima temporada. Seu companheiro de equipe Lewis Hamilton foi campeão da temporada e Heikki foi apenas sétimo.
Quando foi contratado para a vaga de Fernando Alonso na McLaren, estava claro que o finlandês só estava ali para ajudar Hamilton a ser campeão e a roubar pontos dos concorrentes diretos da McLaren para contribuir no mundial de construtores. Não foi capaz de fazer nem uma coisa nem outra: a McLaren não teve nenhuma dobradinha e o número de pódios de cada um foi gritante. Enquanto Hamilton ficou entre os primeiros por 10 vezes, Kovalainen conquistou um troféu em apenas três oportunidades.
A única vitória de Kovalainen na Fórmula 1 foi circunstancial. No GP da Hungria daquele 2008, Felipe Massa liderava com autoridade a corrida e assumiria a liderança do campeonato. A três voltas do final, o motor dele quebrou. Segundo colocado, Kovalainen assumiu a liderança e venceu. Essa corrida mudou a história do campeonato. Se Massa tivesse vencido, ao final do ano teria sido campeão mundial.
O pior episódio de 2008 foi na Itália. O último pódio de Kovalainen na McLaren e na Fórmula 1. Sebastian Vettel surpreendeu o mundo e fez a pole position para a corrida. A Toro Rosso estava indo muito bem com o alemãozinho. Kovalainen se classificou em segundo. A opinião de que Kovalainen venceria o GP era quase unânime. Uma McLaren não pode perder um GP para uma Toro Rosso.
Perdeu. Vettel voou na frente de Kovalainen e do resto dos pilotos. Ninguém conseguiu alcançá-lo. No pódio, ficou muito o claro o desconforto de Kovalainen, e as expressões de Ron Dennis e Martin Whitmarsh no pit wall diziam o mesmo.
Em 2009, o desempenho de Heikki foi ainda pior. Vergonhoso, para se dizer o mínimo. Não conseguiu nenhum pódio e conseguiu, em 17 corridas, a mesma pontuação conquistada por Felipe Massa em nove. Ficou atrás do brasileiro nos critérios de desempate.
No fim de 2009, Kovalainen foi trocado por Jenson Button. Hoje, corre em categorias de turismo obscuras no Japão.
Sergio Pérez na McLaren (2013)
A missão era dura: substituir um campeão talentoso e carismático como Lewis Hamilton não seria fácil. A McLaren procurou alguém que fosse jovem e que pudesse virar a estrela da equipe em curto prazo. E a alternativa estava na Sauber, tinha 22 anos e nascera em Guadalajara, região de Jalisco: Sergio Pérez.
Pódios e vitórias de Pérez estavam no horizonte da McLaren. Título era uma possibilidade em estudo: se não fosse já em 2013, em 2014 com certeza. Tudo isso foi por água abaixo quando Pérez viu o tamanho da encrenca em que havia se metido. O MP4-28 era muito ruim, deficiente e era ultrapassado como se fosse um GP2.
Pérez passava despercebido. A transmissão da TV até esquecia dele. O melhor resultado do mexicano foi um quinto lugar (!). No fim do ano, foi demitido por absoluta falta de resultados. Ninguém imaginou que Sergio pudesse fazer uma temporada tão fraca, sem brilho e insossa. É impossível chamá-lo de inconstante. Na McLaren, ele foi mal.
Sebastien Bourdais na Fórmula 1 (2008-2009)
Tetracampeão da Champ Car, Sebastien Bourdais é um piloto muito talentoso. Em 2008, o francês resolveu correr na Fórmula 1 pela Toro Rosso. Tomou uma sova do companheiro de equipe Sebastian Vettel: 35 pontos a quatro. Bourdais ficou com o prestígio abalado, mas foi confirmado para correr em 2009.
Ao lado do estreante Sebastien Buemi, esperava-se um ano constante de Bourdais. Após várias corridas com resultados discretos, o francês foi demitido e substituído pelo jovem espanhol Jaime Alguersuari. Desde então, o nome de Bourdais nunca mais foi cotado para uma vaga na Fórmula 1.